Ilha da Culatra

O Territorio

Ilha da Culatra

A Ilha da Culatra é uma grande ilha arenosa situada a sul das cidades de Olhão e Faro, em Portugal. A ilha faz parte do Parque Nacional da Ria Formosa e, por isso, tem de seguir regras rigorosas para o seu desenvolvimento.

Não há estradas pavimentadas na Culatra - uma vez que se chega à ilha de ferry, é preciso conhecê-la a pé. A ilha tem cerca de 6 quilómetros de comprimento e uma largura que varia entre 100 e 900 metros. Os seus 1000 habitantes vivem principalmente da pesca e da cultura do marisco.

Se quiser conhecer o estilo de vida tradicional dos pescadores portugueses, este é o sítio certo. Encontrará pequenas casas de pescadores idílicas por toda a ilha. A principal atração da Culatra é, no entanto, a sua longa praia de areia branca que se estende de Oeste a Este da ilha e que é considerada uma das mais belas praias do Algarve.

O núcleo habitacional da Ilha da Culatra data do século XVI, como movimento sazonal de pessoas que vinham trabalhar na pesca da sardinha.

Devido à abundância de peixe e marisco e à amenidade das águas do Parque Natural da Ria Formosa, algumas famílias decidiram fixar-se, construindo habitações provisórias. Após estas primeiras fixações, gerou-se um movimento crescente de população, que implicou a multiplicação progressiva das construções.

Devido ao isolamento territorial, o isolamento social foi muito mais acentuado, e a comunidade foi preservada de toda a evolução da melhoria das condições de vida que ao longo do tempo foram sendo criadas pela Administração central e local. Perante estes constrangimentos, a comunidade residente empenhou-se em acções colectivas para procurar a supressão das suas necessidades básicas, como eletricidade, água potável, saneamento, educação, saúde, urbanismo, entre outras. É neste contexto que, em 1987, é criada a Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC). Desde essa data, a comunidade residente, bem como o núcleo habitacional, têm sido dotados de infra-estruturas e apoios de vida que melhoraram significativamente a vida social e económica dos habitantes da ilha. A maior parte do trabalho desenvolvido pela AMIC centra-se na criação de condições para garantir a continuidade, sustentabilidade e dignidade da comunidade, preservando a identidade e a defesa da Comunidade Piscatória da Culatra. Exemplos deste empenho coletivo são as estruturas de apoio presentes hoje em dia na Ilha, como uma Capela, Escola do Ensino Básico, Centro Social, Centro de Saúde, Pólo da Cruz Vermelha, a distribuição de água potável, saneamento e eletricidade, bem como um Porto de Abrigo para apoio à atividade piscatória.

O esforço conjunto de resiliência desta comunidade resultou no desenvolvimento económico da população e no aumento da capacidade de preservar e proteger o ambiente frágil onde vivem e trabalham. Várias acções foram postas em prática, como a procura e realização de actividades científicas e pedagógicas com o objetivo de preservar os recursos naturais como fator de sustentabilidade e desenvolvimento, a proteção e divulgação do património cultural e histórico e, sobretudo, a promoção e defesa da cidadania. Recentemente, e como reconhecimento da sua importância enquanto comunidade, foram galardoados, pelo Governo Nacional, com o estatuto jurídico de ocupação do Domínio Público Marítimo. O que significa que os habitantes receberão concessões para o uso da terra nos próximos 30 anos e poderão legalizar a sua habitação. Estas concessões podem ser renovadas se a família fizer prova de que continua ligada às actividades de pesca.

História

Desde 1998, a energia da ilha é fornecida por um cabo elétrico que liga a rede eléctrica nacional à rede de distribuição da ilha. No entanto, o cabo está obsoleto, o que acarreta o risco de falhas de energia durante o ano.

Por isso, foi instalado um gerador a gasóleo como medida preventiva. O núcleo habitacional da Culatra foi alvo de alguns projectos da EDP Distribuição, agora E-Redes, que resultaram em 316 das habitações estarem atualmente ligadas à rede eléctrica e com contador inteligente instalado.

Atualmente, fruto da Iniciativa Culatra 2030, a ilha conta com cinco unidades de produção fotovoltaica, num total de 85,8 kWp de potência instalada, que geram cerca de 156,4 MWh por ano, cobrindo mais de 25% das necessidades energéticas da comunidade durante o dia; e 46 kWh de armazenamento de baterias de lítio, estando prevista para breve a instalação de mais 200 kWp de geração fotovoltaica.

Estas instalações permitiram a produção descentralizada a partir de várias Unidades de Produção para Auto-Consumo (UPACs), localizadas em diferentes pontos da rede de baixa tensão do núcleo habitacional da Culatra.

Sem a constituição de uma Comunidade de Energias Renováveis (CER), não é possível distribuir energia por toda a comunidade e a geração é injetada na rede sem benefícios económicos para os habitantes da ilha.

Para além da capacidade instalada, a iniciativa Culatra 2030, através do projeto “Descarbonização da Atividade Aquícola” (cofinanciado pelo MAR2020), permitiu o desenvolvimento tecnológico de um barco solar, construído em parceria com a Sunconcept. O barco tem um conjunto de painéis fotovoltaicos que alimentam uma bateria de 17,5 kWh.

Foi ainda financiado um ponto de ligação à rede eléctrica na zona da infraestrutura de apoio à pesca, permitindo a interação com a restante instalação fotovoltaica. Todo o sistema foi concebido de forma a permitir a monitorização e controlo remoto da geração, integrando-se assim com um sistema de gestão de energia concebido e em desenvolvimento na Universidade do Algarve.

Sistema Energético